
Pelo estudo, 66,25% dos adolescentes foram classificados como “maus dormidores”, e o horário de maior freqüência em frente à máquina ocorre no período entre 17 horas e 3 horas da madrugada, durante a semana. Nos finais de semana, a situação fica ainda mais grave – a maioria fica entre as 18 horas e 6 horas da manhã. Na opinião da psicóloga, os pais deveriam ter mais controle em relação ao problema, antes que o hábito se torne algo incontrolável.
“Muitos pais acreditam que, pelo fato de o filho estar em casa, em seu quarto, não há problemas maiores em passar a noite acordado se relacionando com ‘amigos’”, opina. Entretanto, Gema Duarte adverte que o excesso de horas no computador, no período noturno, pode provocar distúrbios do sono e efeitos semelhantes aos registrados em trabalhadores que exercem suas atividades de madrugada.
Ademais, a luz emitida pelo monitor afeta diretamente a produção de melatomina, hormônio responsável pelo sono, levando à latência ou ao acesso tardio do sono.
Uma noite bem-dormida é fundamental para a faixa etária pesquisada, embora não seja considerado pelos adolescentes, que a considera “perda de tempo”. Segundo Gema Duarte, trata-se de uma fase de transição, marcada por conflitos e adaptação a novos papéis. “O equilíbrio psíquico e emocional é importante neste estágio. Dependendo do horário em que o sono é interrompido, é reduzido justamente o sono de ondas lentas, responsável pelo hormônio do crescimento”, explica. Também está comprovado, por estudos científicos, que até mesmo o ato de sonhar faz parte da qualidade do sono. “Quem não sonha, tem mais chances de desenvolver transtornos psiquiátricos”, esclarece.
A pesquisa, orientada pelo professor Rubens Reimão, um dos maiores especialistas na área do país, também relacionou a qualidade do sono ao nível de estresse entre os adolescentes e ao aproveitamento escolar. Observou-se uma redução drástica no período de sono e, conseqüentemente, maior freqüência de cochilo e elevado índice de estresse em alunos que estudam no período matutino. O ideal é que os adolescentes tenham de nove a dez horas de sono diário.
Texto: Raquel do Carmo Santos
Contato: kel@unicamp.br
Fonte: Jornal da Unicamp
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